começo e fim

findou o amor por ela
desaguou no mar
e morreu o rio
só não morreu
a flor
que dói
e pronto
daqui a pouco seu riso se abre

Tiago Tobias
segunda-feira, 13 de julho de 2009
21:26

os seus frutos

teu passado
é caminho invertido
teu rumo
é um dia
que naufragou
sem mais
daqueles que não fazem nenhum sentido
quando acordo já de tarde
e mal vivi uma manhã

Tiago Tobias
Segunda-feira, 13 de julho de 2009
12:27

o que passou

são tantos sonhos
em vão
e lá se vão
os homens
com pequenas flores
carregando imensas pedras
um dia após o outro

e no fim da tarde
só me resta dormir
ou lembrar
de como você não era

Tiago Tobias
terça-feira, 7 de julho de 2009
0:36

não há lugar

pássaro pousa no fio
de energia elétrica
daqui avisto
com a vista embaçada
um mundo de concreto
cansado

pássaro pousou por não encontrar
árvore alguma no mundo de concreto
o homem não voa
nem pousa
como o pássaro
não por não ser pássaro
mas por ser homem
limitado
sonolento
e moderno

Tiago Tobias
quinta feira, 2 de julho de 2009
18:19

os pequenos

Sabe-se lá onde foi parar o homem que profanava o sagrado, que destruía santos, que rasgava dinheiro e abria um sorriso, alertando que enquanto não abrissemos os olhos do coração, não encontraríamos sossego. Sabe-se lá onde foi parar o homem que não conhecia limites, que sonhava durante o dia, e que de noite não dormia, para concretizar o que sonhara quando o sol imperava em dias de fúria. Os homens diminuíram. Não de estatura, mas de sonhos.

Tiago Tobias
quarta feira, 1 de julho de 2009

21:17

bocejandopoeticamente

domingo
bocejo no meio da tarde
abraços e sorrisos ao vento
tempo de sonhar
em ser feliz
talvez na quarta
talvez no fim
já que o começo
começou
e nós perdemos
os mapas

ora
e de que adianta? estavam riscados



Tiago Tobias
domingo, 28 de junho de 2009
18:24

os passos

vida vida vida
de tantas violetas
e solas gastas
não chego nunca
talvez por nunca
ter partido

Tiago Tobias
Sexta-feira, 26 de junho de 2009
20:59

nada

teu café barato e amargo
não me acorda
teu sol tímido
siencioso
não me traz luz

nem o sol
nem o poste que apaga
quando passo por essa rua
repleta de buracos
abismos em cada homem
que passa
levando consigo
tédio

nem os olhos
nem o poste
nem o sol
absolutamente
nada

Tiago Tobias
sexta feira, 26 de junho de 2009
20:16

a trégua

aqui
nesse dia cinza
de pássaros bêbados
e perdidas promessas
amassadas nesse papel de pão
tua boca miúda e seca
pede implora
um vinho barato
uma trégua finita
um versinho de luz

Tiago Tobias
Domingo, 24 de maio de 2009
23:03

se você assim quiser

tens força necessária
para seguir adiante?
caso não consigas
entregue tuas armas
desarme tuas almas
guarde tuas sementes
e as semeie em outras estações
ou em outros mundos
em que a vida seja outono
e opressiva
não muito diferente do que foi ontem
nem muito distante do que se parece
hoje
e será
amanhã

Tiago Tobias
domingo, 24 de maio de 2009
19:10